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13 de Novembro de 2023

60 anos da Copercana: A transformação de coragem e seriedade em força

60 anos da Copercana: A transformação de coragem e seriedade em força

Em razão das comemorações dos 60 anos da Copercana, a equipe do Departamento de Comunicação, Marketing e Eventos está produzindo, em formato de um livro-reportagem, o resgate histórico de toda a trajetória da cooperativa. O conteúdo será reunido na edição de um livro que será lançado em 2023 ao longo das comemorações dos 60 anos da Copercana, contudo, mediante a importância para a história do cooperativismo e do agro nacional, e ao simples fato de que ações bem-sucedidas precisam ser propagadas, ele também será publicado, na íntegra, nas páginas da Revista Canavieiros, sendo entregue em mais de 25 mil endereços. Esta edição traz o décimo capítulo que explica como o detalhe do desenvolvimento interno é tão importante como o tecnológico para a prestação de serviços de excelência e a disseminação de práticas ligadas ao conceito da Agricultura de Precisão.

 

 

Quem vê a imagem aérea de um canavial, a imensidão que do alto lembra um gramado tem a falsa sensação de que o seu cultivo é simples, com um pouco de adubo, chuva e sol é possível chegar numa plantação que se demonstra rica àqueles que a observa.

Porém, assim como por debaixo da grama há diversos invertebrados que conhecem bem as dores das touceiras, quem anda no meio dos canaviais sabe a quantidade de detalhes e variáveis que precisam entrar em sintonia até que um talhão se apresente grande, verde e padronizado.

E o primeiro detalhe dentre uma lista de milhares que envolvem os cinco anos médios de vida de uma soqueira são alguns buracos no chão feitos na imensidão de um talhão, pois aquela quantidade de terra colocada num saquinho e direcionada ao laboratório de análise de solo será a base para os manejos de plantio, que são fundamentais para se estabelecer touceiras fortes, que consigam responder com um renascimento sadio a cada corte que sofrerão uma vez por ano de um monstro com mais de 30 toneladas e cerca de 500 cavalos de potência que passa engolindo tudo, sem se importar de seus dentes estão afiados ou não.

Detalhe reconhecido por todos hoje, tempos de Agricultura 4.0, mas que apenas os verdadeiros canavieiros sabiam da importância há quase cinquenta anos, quando, em 1975, o corpo de cooperados da Copercana (que era de 855 matrículas) decidiu tomar um empréstimo de 300 mil cruzeiros para implementar um laboratório de solo e produtos químicos.

Foi lá que nasceu a agricultura de precisão da cooperativa, que cresceu muito, especialmente nos últimos anos, mas com uma peculiaridade que faz parte do DNA da Copercana, sem holofotes de neon, sem querer ser os desbravadores da tecnologia, sem se preocupar se é um robô ou ser humano que está guiando o trator, mas com o único foco de atender sempre a necessidade do cooperado que está na linha de frente, dentro do canavial buscando resposta sobre o que ele precisa.

Com esse foco, o portfólio foi crescendo com o tempo, como a implantação do fornecimento e aplicação de corretivos: “Fomos pioneiros na prestação do serviço de aplicação de calcário, depois os outros viram que o negócio era viável e também implementaram”, lembrou o presidente do Conselho de Administração da Copercana, Antonio Eduardo Tonielo.

Na década de 80, mais um passo no sentido de adoção de tecnologia visando à melhora da produtividade dos cooperados, com a aquisição da Fazenda Santa Rita (em Terra Roxa-SP) e posterior implantação do viveiro de mudas de novas variedades de cana, primeiramente através de um convênio com o antigo Planalsucar, onde além do material genético também tinha o foco em garantir mudas sadias, um zumbido que ainda se faz presente dentro do mundo canavieiro.

As três atividades se desenvolveram bastante com o passar das décadas, só que atuando de maneira autônoma, contudo com a evolução dos conceitos ligados à Agricultura de Precisão foi possível criar pontes entre elas através da introdução de novos serviços inovadores e assim foi criada uma rede integrada capaz de entregar resultados muito mais expressivos aos produtores cooperados.

Dessa forma foi agregado ao escopo a confecção de mapas georreferenciados com a marcação dos pontos que os quadriciclos serão direcionados para fazer a coleta automatizada de amostragens de solo para posterior análise no laboratório. Com as informações é gerado mais um mapa que vai determinar a quantidade de corretivos que deverá ser aplicado, como a Copercana presta o serviço de aplicação à taxa variável, ofertando o pacote completo de correção do solo com tecnologia de precisão dentro de casa.

É importante ressaltar que todo o processo é acompanhado por um engenheiro agrônomo que também mostrará ao final os benefícios do complexo de manejos, além disso, ele chamará atenção para informações vindas nas análises químicas, físicas e biológicas, planejar a melhor época para a retirada das amostras de solo e orientar o produtor quanto a atualização genética de seu canavial, com material vindo da Fazenda Santa Rita.

“Antes mesmo de surgir a Agricultura de Precisão, já era filosofia da Copercana sempre acompanhar o produtor em todos os passos, desde a retirada do solo, a análise, as recomendações e checar se a aplicação estava correta. Eu acredito que é isso que cria raiz, cria vínculo, pois a confiança surge quando ele colher o resultado positivo e lembrar quem esteve ao seu lado”, disse a responsável química do laboratório, Vânia Pelizer de Oliveira Junqueira.

Evolução constante

Como na agricultura, em toda a sua história o Laboratório de Solos não deixou de evoluir constantemente, seja em certificações, aumento da oferta de serviços, crescimento físico e atualização de equipamentos.

Seu primeiro grande passo após a inauguração veio em 1988, quando foi um dos primeiros a fazer parte do Ensaio de Proficiência IAC para Laboratórios de Análises de Solos, em operação desde 1984, cuja metodologia consiste em realizar ensaios de competência interlaboratorial e assim promover a melhoria da qualidade das análises, uniformizar os métodos e procedimentos e com isso consolidar a prática como ferramenta indispensável para o uso sustentável do solo.

A excelência do trabalho é reconhecida através de um selo conquistado com a obtenção da nota “A”, lembrando que no início era realizada apenas a análise química básica.

Em 2006 veio a casa nova, quando foi construído um imóvel com 350 metros quadrados dentro da Unidade de Grãos 1. O ano de 2015 foi de muitas conquistas com a ampliação do escopo e por consequência dos selos do IAC para as análises de micronutrientes e granulometria (argila, silte e areia) e a certificação de qualidade ISO 17025, que se estendeu para o campo incluindo o processo de coleta de amostras, método utilizado hoje no projeto de Agricultura de Precisão.

Claro que um laboratório precisa estar em constante evolução para manter o seu nível de excelência, pois se parar no tempo, muito provavelmente as certificações vão se perdendo e com elas também se vai à credibilidade perante o setor produtivo. Para não correr esse risco, a Copercana mantém investimentos constantes em equipamentos dotados de tecnologia de ponta, mas também em treinamento de seus colaboradores, criando assim profissionais especialistas em sua área de atuação o que só contribui para os altos níveis de assertividade das análises.

E os números mostram que o objetivo primordial da atividade vem sendo cumprido. Em 2021, apenas 40% das análises do laboratório eram completas, hoje essa demanda está em 80% e como a quantidade de componentes aumentou, a pressa do produtor também, tanto que a maioria dos investimentos mais recentes foi no ganho de velocidade de entrega dos resultados.

Sem esquecer do crescimento contínuo do portfólio, tanto que agora em 2023 o Laboratório foi mais uma vez pioneiro ao integrar o seleto grupo de parceiros da Embrapa na realização da análise biológica do solo, e em breve haverá mais uma novidade que está em fase final de adequação através de uma parceria com a Esalq/USP.

Cana sem azia

Eliminar a acidez do solo é igual curar a azia do ser humano, ou seja, é proporcionar as melhores condições para a digestão ser harmoniosa, sem aquela queimação.

Essa é a explicação mais simples que se pode fazer sobre a calagem.

Assim, o canavieiro deve levar a sério os manejos corretivos, sem esquecer da gessagem e fosfatagem, como a adubação e o uso de defensivos, para não cometer um erro que com certeza comprometerá a rentabilidade de sua operação.

Devida a essa importância, a Copercana decidiu investir em todo o ciclo de correção como seu primeiro passo dentro do mundo da Agricultura de Precisão. Com início através da realização de dois projetos pilotos durante a temporada das culturas de rotação entre os anos de 21 e 22, o projeto ganhou rapidamente corpo em todos os manejos que engloba, como por exemplo hoje já são dois quadriciclos fazendo a retirada de amostras de solo e também há duas bases de fornecimento dos corretivos (Sertãozinho e Guaíra).

Em números absolutos, em 2016 a Copercana vendeu 139 mil toneladas de corretivos, enquanto que em 2022 foram 202 mil toneladas, que representou quase R$ 50 milhões de faturamento, mais de três vezes superior em relação a 2016, o que mostra que não foi somente crescimento de volume, mas também foi agregado muito valor à atividade.

Números que deverão crescer ainda muito em decorrência do benefício que traz, pois através da aplicação do calcário em taxa variável o produtor vai deixar de aplicar quantidades excessivas, o que representa desperdício de recursos e problemas em deixar o solo alcalino demais, e também doses menores, que não serão suficientes para elevar o pH até o número planejado, prejudicando a absorção de nutrientes pelas plantas, o que impacta diretamente em sua produtividade e longevidade da soqueira.

Claro que o trabalho sério, que traz o resultado é o principal fator para a prosperidade de um negócio que em sua totalidade é muito recente, contudo o diretor executivo comercial agrícola, Augusto Cesar Strini Paixão lembra da importância dele estar sendo desenvolvido por uma cooperativa: “Hoje já possuímos uma frota de aplicadores de corretivos em taxa variável, além de vendermos calcário, gesso e fostatos, temos um laboratório preparado para receber um crescimento exponencial de demanda e profissionais preparados para prestar o serviço de assessoria. Assim ofertamos um pacote fechado e estruturado, conforme a procura for crescendo teremos condições de reinvestimento, o que trará cada vez mais novos recursos a custos cada vez menores, de forma que todos consigam ter acesso”, ou seja, quanto mais saúde o produtor der ao seu solo, mais barato e tecnológico ficará o manejo, essa é a mágica que uma cooperativa séria consegue fazer.

Uma fazenda que cultiva genética

Desde que foram adquiridos os 120 hectares da Fazenda Santa Rita, sua principal função sempre foi de fornecer genética aos produtores cooperados. Inicialmente atuando somente com cana, com o tempo também foi implementado um viveiro de mudas de árvores nativas e, com o crescimento da prática de cultivo de lavouras de rotação, o local também passou a abrigar diversos ensaios de soja e amendoim.

Como principal atividade da propriedade, as mudas de cana já são conhecidas no mercado por sua sanidade, item levado bastante a sério pelos técnicos que coordenam os trabalhos, o que desperta o interesse de produtores de toda área de abrangência da Copercana, que buscam material para a utilização em plantios comerciais, bem como, principalmente os mais modernos, para formação de viveiros primários destinados à observação de adaptação ao microambiente, para posterior adoção da tecnologia.

Com cerca de 25 materiais, que vão desde os já consagrados (aqueles que todos os produtores querem) até clones que ainda nem foram liberados os quais passam por um rigoroso processo de seleção ficando aqueles com potencial de absorção pelos produtores, a formação desse portfólio só é possível graças a uma parceria bastante consolidada com as principais estações de desenvolvimento genético da canavicultura brasileira (IAC, CTC e Ridesa).

Na soja, todos os anos são montados canteiros com diversas variedades com características que se adequam às regiões onde estão os cooperados e também as exigências em ambientes de rotação de cultura.

Quanto ao amendoim, em virtude da parceria da cooperativa com o IAC e a Embrapa são cultivados campos de teste de clones, contribuindo de maneira direta para o surgimento de mais variedades, tão necessárias para a cultura.

Há também a implantação de testes para checar o desempenho quanto ao uso de nutrientes e o uso de ferramentas de defesa.

Por fim, o viveiro de espécies nativas já contribuiu para a adequação de diversas propriedades quanto ao trabalho de implantação de reservas conforme o texto do código florestal. Cultivadas em estufa e com um sistema automatizado de irrigação, além de todo o cuidado na adubação, as mudas são referência quanto a sua sanidade, o que resultará no sucesso do projeto de reflorestamento.

Mediante um portfólio recheado de tanta história, conhecimento acumulado, serviços variados e principalmente pessoas experientes, a Copercana prova que para ser preciso não é necessário ter apenas o recurso de última tecnologia, este também é importante, mas o fundamental é outro desenvolvimento, o interno.