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15 de Dezembro de 2023

60 anos da Copercana: A transformação de coragem e seriedade em força

60 anos da Copercana: A transformação de coragem e seriedade em força

Em razão das comemorações dos 60 anos da Copercana, a equipe do Departamento de Comunicação, Marketing e Eventos está produzindo, em formato de um livro-reportagem, o resgate histórico de toda a trajetória da cooperativa.

O conteúdo será reunido na edição de um livro que será lançado em 2023 ao longo das comemorações dos 60 anos da Copercana, contudo, mediante a importância para a história do cooperativismo e do agro nacional, e ao simples fato de que ações bem-sucedidas precisam ser propagadas, ele também será publicado, na íntegra, nas páginas da Revista Canavieiros, sendo entregue em mais de 25 mil endereços.

Esta edição traz o décimo segundo capítulo que conta os desafios financeiros que uma cooperativa agropecuária precisou enfrentar para tocar seu constante processo de crescimento progressivo num dos ambientes econômicos mais instáveis do mundo como é o brasileiro.
 

Os bons hábitos

Seja nas finanças pessoais, familiares ou corporativas, a principal regra é fazer com que entrem mais recursos do que saiam, o que representa o alcance de uma saúde financeira que é cada vez mais estabilizada em razão da queda dos valores das contas pagas em relação ao fluxo de entrada.

Numa cooperativa, ao contrário de uma empresa com um ou poucos donos, a importância de uma estratégia financeira bem-sucedida é ainda mais importante, pois além de garantir a sua sobrevivência e o emprego de muita gente nas diversas localidades de atuação, seu resultado volta aos cooperados de alguma maneira que impacta positivamente na sua atividade, o que gera mais desenvolvimento.

Assim, para conseguir fazer história, como a Copercana fez, e ainda fará muito mais, ter os bons hábitos financeiros como algo inegociável é primordial: “Mesmo trabalhando da maneira mais correta possível somos muito expostos ao humor do mercado, em tempos mais restritivos, a oferta de recursos cai bastante, enquanto que a demanda por parte do cooperado sobe”, comentou o diretor financeiro e administrativo da Copercana, Giovanni Bartoletti Rossanez.

Tendo no fato de 90% do imobilizado da cooperativa ser próprio, (no exercício de 2022 o saldo consolidado foi de R$ 309 milhões, evolução superior a 70% nos últimos cinco anos), um dos números apontado pelo executivo que comprovam a robustez da cooperativa, mesmo vindo de seguidas crises, que se intercalam há mais de 30 anos com as mais variadas conotações possíveis (setorial, mundial, climática e até de saúde, como foi o caso da pandemia).

Rossanez se recorda de dois momentos distintos que casaram com sua trajetória profissional que ilustram de uma maneira bastante clara porque uma cooperativa tem mais responsabilidades financeiras se comparado com uma empresa ou até mesmo com uma instituição financeira (banco).

“Em 1998, eu tive a oportunidade de ir para o departamento financeiro para ser encarregado do setor de crédito e cobrança no “olho do furacão” de duas grandes crises, uma do setor, que selou o fim do Proálcool (para se ter ideia a indústria automobilística brasileira produziu 700 mil veículos a álcool em 1983, enquanto que em 1995 esse número não passou de 40 mil unidades), e outro mundial em decorrência da quebra de confiança do investidores nos mercados dos principais países emergentes da época, que teve início no México se espalhando para a Ásia, Rússia, até chegar ao Brasil, o que gerou a primeira desvalorização do real.

O período foi tão sério que diversos cooperados sólidos de todos os perfis e tamanhos, de pequenos até usinas, tiveram que renegociar os saldos em aberto, alguns finalizando o pagamento em até oito anos. Vendo hoje muitos deles fortes e consolidados, sinto orgulho de fazer parte de uma cooperativa que honra a sua vocação de estar presente e, às vezes de maneira fundamental, na história daqueles que a constitui”, disse Rossanez.

Crise do final da década de 90 levou ao fim o Proálcool e ainda exigiu da cooperativa força financeira para apoiar diversos 
cooperados que apertaram por sérios problemas financeiros no período. A grande maioria sobreviveu e hoje estão fortes e consolidados


“Dez anos depois, quando assumi a gerência do Departamento Financeiro, enfrentamos uma nova crise mundial, causada pela quebra de tracionais bancos de investimento norte-americanos, que gerou um grande problema de crédito, com algumas instituições financeiras elevando seus spreads (diferença de preço de compra e venda de uma transação monetária) e outros saindo do mercado, lembro de nos mantermos firmes graças à credibilidade da cooperativa, o nome no mercado foi muito importante para conseguirmos atender nossas demandas.

Depois vieram outras crises, acredito que nunca tivemos sequer um ano de total tranquilidade, mas como nosso DNA é de agricultores, sabemos que o grande segredo é conseguir se adaptar ao clima e a cada tempestade, cada seca. Fomos melhorando, tanto que saímos de um faturamento de R$ 300 milhões em 2008 para R$ 4,6 bilhões em 2022”.

Um esquadrão campeão

Lógico que o departamento financeiro precisa atender toda a organização, porém a sinergia criada com a área de insumos para garantir a difusão de tecnologia ao produtor cooperado num período que de tão delicado, foi vital (a partir da virada do século, houve a necessidade de profunda mudança em todos os manejos devido à troca da colheita manual pela mecanizada), lembra muito um daqueles times que marcam época na história do futebol.

Nele, a linha atacante é formada pelo pessoal que trabalha diretamente com a área comercial, que com muito empenho e dedicação consegue garantir os gols necessários. Porém, sem uma defesa firme, dificilmente a vitória vem, e esse setor vem do pessoal de compras e logística que garante os estoques para nada faltar.

O financeiro seria o meio de campo, ocupando tanto a função de volante, garantindo os investimentos necessários em infraestrutura e tornando recursos disponíveis para aproveitar oportunidades de mercado, ou seja, suporte total à zaga, enquanto que cria as jogadas para o comercial finalizar e balançar as redes ao trabalhar questões de preço, prazo e taxas que são decisivos em mercados cada vez mais competitivos.



Departamento de Insumos e Financeiro atuando juntos formam um esquadrão campeão


Sem esquecer que a arquibancada está lotada de cooperados que ao estarem satisfeitos, por evoluírem em suas atividades, lotarão ainda mais o estádio, sempre mais apaixonados, mas não por uma camisa, mas pela prosperidade. Aqui, podemos fazer uma alusão a torcida fiel do Corinthians, time de coração do diretor financeiro e administrativo. “Não importa qual é o adversário, a torcida sempre estará presente para apoiar e fazer a diferença!”

Além da sincronia perfeita entre os diversos setores, há um detalhe primordial, um atendimento quase que personalizado, ou seja, o financeiro vai em busca de adequar as condições específicas para viabilizar as ferramentas na melhor maneira possível para o cooperado: “Nossa rotina é nos mantermos constantemente equilibrados, pois precisamos atender à necessidade do cooperado, principalmente aqueles que precisam de apoio, mas não podemos deixar escapar as questões que envolvem o risco de cada operação, pois se perdermos nossa credibilidade no mercado financeiro, todos seremos prejudicados, por isso trabalhamos caso a caso, com diversas ferramentas que possam nos dar condições de atender com a garantia que precisamos para nos mantermos em equilíbrio”, explicou Rossanez.

O executivo conta que esse assunto é levado muito a sério, que há casos que envolvem até a participação de todos os integrantes da diretoria.

Escola de credibilidade

Toda essa dinâmica não é algo novo, na verdade ela foi desenhada e concebida lá na década de 70, como contou Antonio Eduardo Tonielo no primeiro capítulo deste livro, onde na ocasião de um grande financiamento de máquinas e veículos (o primeiro de sua história) a cooperativa conseguiu o feito de ter zero de inadimplência graças a uma estratégia de garantia.

Do lado do relacionamento com as Instituições Financeira, a escola Tonielo ensina que por mais modernas que estão as ferramentas que classificam o risco de uma determinada operação, a palavra ainda é algo extremamente importante.

“Aprendi com o senhor Toninho que se o gerente ou diretor de um banco liga e combina algo, se eu confirmar, terei que cumprir, pois ele acreditou em mim e trabalhou para aquele acordo se concretizar. No mundo financeiro, se o profissional não honrar o compromisso, ele começa a ficar carimbado como enrolado e passa a ter mais dificuldades nas negociações”, disse Rossanez, que mesmo com especializações e MBA internacionais no currículo, aponta para a rotina que tem desde 2008 com Tonielo como a sua maior escola.

“Me considero um privilegiado, pois a psicologia diz que você é a média das cinco pessoas que mais convive, tenho certeza que conviver com o senhor Toninho elevou a minha média demais. Dentre as diversas coisas que aprendi com ele, acredito que uma das mais importantes pensando em gestão é a forma como lidar com as pessoas, ele sempre disse: - Um líder tem que sempre tomar uma decisão, não pode ficar em cima do muro, certo ou errado. Para ser bemsucedido ele só precisa acertar quase tudo”.

E como a Copercana acertou quase tudo nesses seis séculos de existência: “Em minha fala na festa dos 60 anos me referi ao fato de conseguir reunir tanta gente importante, desde produtores rurais, líderes setoriais, diretores de multinacionais, lideranças das instituições financeiras mais respeitadas num único salão como a maior prova da confiança que a cooperativa tem com todos os elos das diversas cadeias que atua. Ninguém parabeniza, confraterniza com aquele que não confia”, concluiu Rossanez.



Rossanez: “Me considero um privilegiado, pois a psicologia diz que você é a média das cinco pessoas que mais 
convive, tenho certeza que conviver com o Seu Toninho elevou a minha média demais”


Além de credibilidade, segurança

O seguro agrícola faz parte do portfólio de garantias que a cooperativa desenvolveu ao longo dos tempos para conseguir financiar o cooperado com uma gestão de risco equilibrada, contudo e como tudo na Copercana, ela não se acomodou no papel de apenas exigir e deixar o produtor encarar um mercado extremamente complexo para atender a sua exigência.

Desde o final do século passado foi criada uma corretora que nasceu para ir além da demanda do seguro agrícola, atendendo outras necessidades dos produtores cooperados no segmento, como de máquinas agrícolas, veículos, residencial, vida, dentre outros produtos.

Para elevar seu poder de negociação com as seguradoras, foi implementada ao mesmo tempo uma estratégia de abrir o atendimento para a clientela em geral, aproveitando a sinergia já criada.

De modo superficial parece fácil, mas o desafio é ainda enorme. Na grande maioria dos segmentos de seguros uma companhia para crescer precisa baixar o valor e assim se tornar mais competitiva perante as cotações, quando a carteira começa a crescer é inevitável que a quantidade de sinistros surja com maior frequência, até chegar num ponto onde é necessário elevar os preços e assim abrir mão de parte do mercado conquistado, pois uma parcela acaba permanecendo em decorrência de alguma estratégia de marketing, política de benefícios e atendimento diferenciado, para outro player do mercado expandir sua carteira.

Contudo e como quase tudo no agro, o desafio é maior. O quesito de maior influência na formação do valor são as últimas safras, ou seja, se a colheita foi boa, as companhias também performam bem, pela baixa quantidade de sinistro, e nos anos seguintes os preços do seguro agrícola se tornam atrativos, contudo se a cobra fumou, ainda mais em decorrência de problemas climáticos, as seguradoras também fecharão no vermelho e então os valores sobem demasiadamente.

Diante essa dinâmica, cabe uma boa corretora ter relacionamento com o maior número possível de companhias para peneirar as condições mais atrativas que são bastante raras em tempos difíceis, por isso a Copercana trabalha hoje com 16 e se mantem ativa em busca de novos.

“Até hoje o mercado de seguros agrícolas não se recuperou da crise climática de 2021, uma outra questão é que as seguradoras olham para as culturas de uma maneira geral em todo o pais, então, se pegar a temporada atual da soja por exemplo, as incertezas geradas pelo El Niño foi um tempero importante para a manutenção da postura mais conservadora do mercado”, explicou o gerente da Copercana Corretora de Seguros, Waldercy Vaz, que também falou sobre o trabalho em conversar com as companhias no sentido de configurar produtos que se adequem na necessidade real dos produtores.

“O seguro de cana é feito da data que é contratado até o próximo corte, então se eu assegurar meu canavial hoje (novembro) e colhê-lo em maio, sua vigência será por apenas cinco meses. Estamos trabalhando de maneira muito intensa para voltarmos com um produto que perdure ao longo de um ano, lógico com um valor de sinistro que acompanhe a depreciação do ativo biológico, porém nós conseguiríamos atender aquele produtor que, pelos mais variados motivos, consegue contratar o seguro somente no final da safra, ficando descoberto durante o período mais crítico da cultura, que é a época da seca, onde os riscos de geada e fogo são maiores”.

Complexo? A coisa fica ainda um pouco mais complicada quando se acrescenta a questão dos subsídios federais, onde geralmente o governo divulga um valor no plano safra, metade do ano, mas não avisa nem quando e, para piorar, nem se vai honrar com a palavra, assim é impossível o produtor ter qualquer previsibilidade real de custo, fazendo com que tenha que trabalhar com o preço cheio e se o subsídio vier, realocar o recurso que já estava travado para parte do seguro.

Num mercado cheio de detalhes e armadilhas é fundamental ter credibilidade, o que é sinônimo para a marca Copercana, conhecimento das necessidades dos clientes e nunca parar de crescer, por isso mesmo com 15 mil assegurados, em 15 municípios (Barretos, Batatais, Cajuru, Cravinhos, Franca, Marília, Morro Agudo, Pitangueiras, Pontal, Ribeirão Preto, Serrana, Sertãozinho, Severínia, Uberaba e Viradouro), ela cresceu seu faturamento acima dos 40% entre 2021 e 2022.
 


Copercana Seguros trabalha de maneira intensa para conseguir levar ao produtor as melhores
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