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16 de Maio de 2023
“Histórias da nossa história” irá homenagear os fundadores da Copercana
A partir desta edição, a editoria “Histórias da nossa história” irá homenagear os fundadores da Copercana que escreveram e ainda escrevem suas histórias e honram a cooperativa por ainda se fazerem presentes. Eles que ergueram as bases para a Copercana se tornar o modelo de solidez e confiança que é até hoje e essa é uma oportunidade para recordar e agradecer. O homenageado deste mês de março é o empresário e agricultor, Pedro Redemptor Guidi, de 88 anos. A reportagem da Revista Canavieiros ouviu o agricultor e pode constatar que ao longo de muitos anos a cooperativa esteve e está presente nos capítulos da sua história de trabalho e coragem e isso reforça a razão pela qual a cooperativa foi criada.
Pedro teve o legado cooperativista passado do seu pai, Ângelo Guidi, que saiu da Itália com vinte e poucos anos para começar sua vida na cidade de Sertãozinho-SP, onde a princípio trabalhou em uma máquina de café até comprar um carro e começar a trabalhar como mascate pela região. Casou-se com Júlia Martinelli com quem teve 11 filhos: Domingos Guidi; Adelino Bruno Guidi; Guerino Guidi; Pelegrino Marcos Guidi; Carlos Guidi; José Guidi; Vitorina Guidi; Clementina Guidi; Olga Guidi; Alda Guidi e Pedro Guidi, o caçula. Com o passar dos anos, seu pai, senhor Ângelo, passou a criar porcos e abriu um açougue na cidade de Pontal-SP. Nessa época moravam na Fazenda do Servo, onde Pedro nasceu, em 1934. “Tive uma infância muito boa, eu ia para a roça e ajudava meu pai, varria quintal, brincava muito de pique-esconde com os meninos da colônia até escurecer. Foi uma infância muito feliz e tenho lembranças dos meus amigos daquele tempo”, disse Pedro com os olhos cheios de água.
Estudos
Pedro sabia que para estudar tinha que ter muita força de vontade, pois as dificuldades para se chegar até a escola eram muitas. “Estudei na escolinha da fazenda que ficava no Cascalho próximo da estação do trem. Frequentei aquela escola até o terceiro ano, depois fui fazer o grupo em Pontal. Levantava cedo e pegava o trenzinho para chegar até a escola. Lembro-me que saía da escola ao meio-dia e ficava esperando até as 15h40 para voltar com o trem. Tinha dia que eu não queria esperar e voltava a pé junto com meus amigos, eram 8 km da cidade de Pontal até a fazenda. Depois do grupo em Pontal eu fui estudar no Ginásio Marista em Ribeirão Preto. Um dia fugi da escola e apanhei da minha mãe porque eu não queria mais estudar”.
Trabalho
Com o passar dos anos seu pai adquiriu a Fazenda Santa Maria, no município de Dumont, e Pedro já com 17 para 18 anos passou a trabalhar na propriedade da família. “Certo dia meu pai disse: ‘Pedrino, já que você não quer estudar, eu já dividi a fazenda entre você e seus irmãos e se quiser pode trabalhar lá’. Eu rapidamente peguei minha bolsa da escola, joguei do lado e já queria ir para fazenda, mas ele me disse que não precisava ir com tanta pressa. Desde esse dia eu não fui mais à escola e nem terminei meus estudos. Naquela época meu pai mexia com gados e eu passei ajudar os funcionários que tiravam leite. Era difícil porque tinha uma seca brava, o pasto morria, e para reformar o pasto eu plantava milho. Meu pai gostava muito de gado, mas um dia eu cheguei para ele e disse: ‘Pai, quando eu planto um pedacinho de milho, ganho mais dinheiro do que quando fica só com o gado’. Minha intenção era plantar milho e meu pai me disse que se eu achasse que seria um bom negócio que eu poderia seguir, mas ir devagar, ir tocando a roça, mas continuar com o gado, e assim foi”.
Namoro/casamento
Pedro conheceu sua esposa Sirlei Malta de Paula Guidi – “Marta”, na cidade de Ituverava-SP, através da sua irmã Clementina e da sua cunhada Edna de Paula Leão (in m emorian). “ Conheci a minha esposa por meio da Clementina, que sinto muita saudade. Era m inha irmã do meio e sempre foi muito boa para mim. Ela já era casada e em certa ocasião me levou na festa de aniversário da cunhada dela na cidade de Ituverava. Chegando lá fui apresentado à Edna, que é a irmã da ‘Marta’. Na ocasião ela me disse que tinha uma irmã e que queria me apresentar. E me apresentou a ‘Marta’. Saímos andando pelas ruas conversando e começamos a namorar. Ela só me perguntou quando eu iria voltar e eu disse que voltaria no dia 1º de setembro, e voltei. No dia em que voltei, ela estava no portão da casa da irmã dela me esperando. Ela ficava com a irmã em Ituverava para estudar porque o pai dela morava na roça”, lembrou.
Logo o namoro foi ficando sério e Pedro pediu para José de Paula Leão, que era cunhado de ‘Marta’, a permissão para namorar com ela, pois tinha medo de falar com o sogro João de Paula Filho (in memorian) que na época tinha fama de bravo. “Eu conversei com a irmã dela e com o José, que me passou um sermão e aceitei. Teve uma fase em que os irmãos dela quiseram impor horários para o nosso namoro, mas como eu morava em Sertãozinho e ela em Ituverava, ficávamos pouco tempo juntos e aí eu disse que não iria mais namorar. Um dia meu pai disse: ‘Pedrino, amanhã estou indo lá no Joãozinho (pai da Marta) e vou ver se trago a Martina (minha esposa). Se ela vir aqui você não faz pouco caso dela?’ e eu disse que se ela viesse eu conversaria com ela. E assim foi. Ela chegou, nós conversamos, reatamos o namoro e nos casamos no dia 2 de maio de 1959”.
A constituição da família
“Nosso primeiro filho faleceu, era um menino. A ‘Marta’ teve as dores do parto, fomos ao médico e ele nos mandou de volta para casa dizendo que ainda não era a hora. Voltamos para casa e a criança morreu na barriga dela. Depois disso tivemos dois filhos, o Pedro de Paula Guidi (Pedrinho) e o Ângelo de Paula Guidi, que me deram sete netos e que me proporcionam muita alegria. Eles estão sempre aqui em casa e são muito bonzinhos”.
Nas suas horas de lazer, Pedro sente prazer em se reunir com a família. “Gosto muito de ir à casa dos meus filhos, almoçar juntos, ficar em família. Além disso, gosto de tomar vinho e de vez em quando uma pinga e nas minhas horas vagas sento para assistir televisão, gosto do programa “Brasil visto de cima”.
Negócios
Para quem não sabe, Pedro já foi proprietário de uma fábrica de implementos agrícolas em Sertãozinho, a Equipalcool. “Fui sócio do meu cunhado Otávio nessa empresa que tinha à frente eu, o Otávio e o senhor Hermínio Gomes. Mantivemos a fábrica por muitos anos até decidirmos por vendê-la para a DMB. Dias após vender a fábrica, em conversa com o engenheiro mecânico José Manoel Gomes, que trabalhava com a gente, falei sobre a minha ideia de montar uma destilaria de álcool e ele topou. Colocamos em prática, chamamos os meus sobrinhos Carlinhos Guidi e o José Luiz Balardin e fomos para Pirajuba-MG, escolher o lugar e montamos a destilaria na Fazenda São Cristovão. Hoje se tornou a Usina Santo Ângelo, e mói quase 4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar”.
Relação com os funcionários
Pedro garante que um bom relacionamento com os funcionários faz toda a diferença e preza por tratá-los com muito carinho e atenção. “Vou muito pouco às fazendas, mas os funcionários cuidam de tudo certinho. Eu gosto de tratar todo mundo bem, não só os meus funcionários que são especiais para mim. Aqui dentro do escritório tem o Marcelo Jorge, sem ele eu não seria ninguém, porque eu já estou ficando esquecido e ele faz tudo aqui. A Ângela Maria Ninin Garcia, minha sobrinha, é muito especial, assim como o Carlos Henrique Ninin Garcia e o Dirceu César da Costa. Em Nova Ponte-MG, na Usina Santa Luzia, tem o Nivaldo Batista Santiago, um cara muito bom. Em Planura-MG tem o Wilson Campos dos Santos, todos são leais à minha pessoa. Se eles precisarem de mim por alguma coisa eu estou sempre pronto porque eles merecem”.
Sua história com a Copercana
A Copercana é feita de pessoas que trabalham com cooperação, transparência e determinação e que acreditam na força do trabalho e no bem-estar daqueles que participam e são responsáveis pelo seu crescimento, assim como o senhor Pedro, que é o 42º cooperado no quadro de fundadores. “A ideia da Copercana surgiu e eu me associei, participava das reuniões e sempre procurei incentivar o cooperativismo. Lá atrás não tinha muita doença na lavoura e devagar foram aparecendo e começamos a usar agroquímicos e adquiri-los da Copercana. Essa cooperativa sempre foi muito bem conduzida e gosto muito dos produtos que ela oferece na parte agrícola que tem preço bom. Vejo a Copercana com muito bons olhos, é uma cooperativa muito boa, que já me ajudou em algum financiamento, tive um respaldo quando precisei dela e fico contente em ver que ela está completando 60 anos e está muito bem”.
Gratidão
“Sou muito grato ao “Lazinho”, o Edgard Lázaro Bighetti, ele foi um bom vendedor, quando eu precisava de algum produto da Copercana ele sempre me oferecia coisas boas, sempre foi um bom amigo. Outras duas pessoas são o Toninho Tonielo e o Fernandes dos Reis (in memoriam), o Fernandão - pessoas boas demais que presidiram a Copercana, eles conduziram muito bem a cooperativa com muita honestidade. Quem é honesto vai bem e é por isso que a cooperativa está aí completando 60 anos de muito sucesso”.